No dia 22 de novembro, a Diretoria da Assejur me prestou uma homenagem que gravarei pelo resto da vida. Recebi de colegas que tenho como amigos um presente original, bem-humorado e carinhoso: um quadro com a reprodução de uma capa fictícia da Revista da Assejur. A edição “especial” seria comemorativa aos cem anos dessa publicação, que, na verdade, terá o seu segundo número lançado em dezembro próximo. No canto superior esquerdo da capa, uma pequena foto minha, de cabelo lambido e com ar de canastrão, anuncia o patrocínio de um certo “Instituto Jurídico Mário Montanha”, com a seguinte legenda: “Dura lex, sed lex, no cabelo só gumex”.

Fiquei lisonjeado com a referência, e minha emoção cresceu à medida que meus olhos percorreram as chamadas das matérias da revista imaginária. A primeira delas, um artigo de J. B. de Almeida sobre “a evolução do instituto da baixa patrimonial de bens públicos, dos fenícios ao cinzeiro de Barracão”, traduz uma brincadeira que fazíamos em nosso local de trabalho, ironizando a estranha vocação da burocracia em tornar complexos assuntos sem importância nenhuma. A segunda, uma entrevista com Sílvio Rodriguez, inventa um personagem que mistura os saberes de um conhecido civilista brasileiro com a sensibilidade do maior poeta e trovador cubano da atualidade. Para encerrar, o anúncio definitivo, um texto revolucionário que teria permanecido inédito por mais de cinquenta anos: “E. G. de La Serna [vulgo Che] analisa a importância do pensamento social de Mário Montanha Teixeira Filho na legitimação associativa da América Latina do século XX”.

Adorei a lembrança, mas confesso que me custou um pouco compreender o motivo por que fui presenteado tão generosamente. Sou incentivador da Revista da Assejur, sempre fui. Precisávamos nós, assessores jurídicos, de um veículo de divulgação do nosso trabalho, da nossa produção intelectual. E um periódico que reunisse artigos científicos resultantes desse esforço sempre me pareceu interessante. A ideia não é nova nem original, mas faltavam iniciativas concretas para executá-la. Pois agora a revista existe.

Eis aí, senhores, o grande mérito, que pertence à diretoria da Assejur: a realização de um projeto coletivo essencial para o fortalecimento da carreira de assessor jurídico. E é a essa diretoria que transfiro a homenagem que  recebi. Tenho orgulho de estar ao lado de pessoas que formam um grupo de trabalho tão extraordinário, que reanimou a associação, encheu-a de entusiasmo e lutou para tornar realidade novas e velhas conquistas, que vêm de agora ou das gestões anteriores.

Coloco-me, então, a serviço de todos vocês, meus camaradas queridos. E registro meu agradecimento especial à Mariana da Costa Turra Brandão, que aceitou o desafio de assumir o comando da nossa entidade, há pouco mais de dois anos, quando debatíamos as perspectivas do serviço público e da profissão que abraçamos. Nós estávamos certos na escolha, o tempo se encarregou de mostrar.