Na UFRJ: reitoria se uniu a outras entidades, como a Apesp, em protesto contra declarações do ministro Paulo Guedes, que equiparou servidores públicos a ‘parasitas’

 

A declaração do ministro da Fazenda, Paulo Guedes, que equiparou os servidores públicos a “parasitas” que sugam as riquezas do Estado, feita no dia 7 de fevereiro, repercutiu, também, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e entre os procuradores do Estado de São Paulo. A reitoria da instituição universitária e a Associação dos Procuradores do Estado de São Paulo (Apesp) publicaram as notas reproduzidas abaixo.

 


Nota de repúdio

Associação dos Procuradores do Estado de São Paulo

 

A Diretoria da Apesp vem repudiar veementemente a manifestação do ministro da Economia, Paulo Guedes, que, em palestra na Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getúlio Vargas realizada no dia 7 de fevereiro, comparou funcionários públicos a ‘parasitas’ ao comentar a reforma administrativa.

A Apesp lamenta a agressão verbal do ministro, ressaltando que os servidores públicos do Estado de São Paulo e do Brasil desempenham um trabalho de vital importância para a sociedade e para o funcionamento da administração pública.

Os servidores públicos estão presentes na vida da população em áreas como educação, saúde, justiça, segurança e transporte. Caso se utilizasse ou necessitasse destes serviços, o ministro saberia certamente valorizá-los.

Entre as suas relevantes atuações, os procuradores do Estado de São Paulo recuperam anualmente bilhões de reais na cobrança da dívida ativa; defendem judicial e extrajudicialmente o Estado de São Paulo, gerando vultosas economias ao erário; prestam consultoria e assessoria à administração, viabilizando projetos e políticas públicas.

Dessa forma, a Apesp não apenas refuta a pecha de ‘parasitas’ atribuída aos servidores públicos como também convida o ministro a se informar melhor sobre a importância que os servidores públicos têm para o povo que mora no Estado de São Paulo e no Brasil.

 

 


Quem são os parasitas

Reitoria da Universidade Federal do Rio de janeiro

 

Há poucos dias, o ministro da Economia Paulo Guedes comparou os funcionários públicos a parasitas. Entretanto, parasitas são organismos que vivem em associação com hospedeiros, dos quais retiram meios para a sobrevivência. Assim, a analogia mais correta para essa relação é a exploração do trabalhador pelo sistema capitalista. No nosso país, não há parasitismo maior do que aquele estabelecido entre o sistema financeiro – ao qual o ministro dedicou sua vida profissional – e as riquezas geradas pelo trabalho da sociedade brasileira.

Historicamente desvinculados de responsabilidades sociais, os rentistas representados pelo ministro devem suas fortunas à exploração dos mais humildes e do meio ambiente. Para defender seus privilégios, dedicam-se a lançar infâmias contra os que atuam nas ações típicas do Estado: educação, saúde, segurança, infraestrutura e preservação ambiental, entre outras. Diante de seus pares, o ministro deixa evidente a quem é leal e a que interesses serve. E estes não poderiam ser mais distintos dos nossos.

Na UFRRJ, nos dedicamos à construção de um modelo de sociedade calcado na vida plena e na criação de oportunidades para todos. Nessa perspectiva, o servidor público tem uma extraordinária responsabilidade. Cabe a nós sermos guardiões das conquistas que marcam a história dos grandes avanços da humanidade: as liberdades, os direitos humanos, a ciência, a cultura, a justiça social e o desenvolvimento sustentável e inclusivo.

A Administração Central da UFRRJ repudia quem desqualifica trabalhadores que se dedicam a desafios tão nobres, como os funcionários públicos de nosso país.